Banda Filarmónica da

Associação Humanitária de

Bombeiros Voluntários

de Mogadouro

Concerto de Marchas Solenes

Em marcha pela fé

Programa de ​concerto

Vi​tor Resende

Senhora de Cárquere

Santa Maria de Cárquere vem referido na Crónica de 1419 como local da ​cura milagrosa de D. Afonso Henriques.


Egas Moniz, da casa de Ribadouro, teria pedido ao conde D. Henrique que ​o deixasse ser o aio da descendência que esperava de Dª Teresa, ​independentemente de vir a ser um filho varão ou uma filha.


Nasceu então D. Afonso Henriques mas, segundo a lenda, o infante recém-​nascido apresentava uma má formação nas pernas que fazia temer o pior:

"Quando veio o tempo que a Rainha houve seu filho grande e fermoso mais ​que não podia ser moço da sua idade, senão tam soomente que tinha as ​pernas encolheitas, em guisa que todos dezião, assi mestres como os ​outros, que nunqua mais podia ser são delas".


Recebendo Egas Moniz a incumbência que tinha rogado ao conde ao ser ​nomedao aio encarregado da educação do infante, ficou muito sensibilizado ​pela maleita do recém nascido:


"E, quando Egas Monis vio tam bella criatura e o vio assim tolheito, ouve ​dela mui grande doo, pero, confiando em Deus que lhe poderia dar saude, ​tomou o moço e feze-o criar tam bem e tam honradamente como se fizera se ​fora são".


Então, quando a criança tinha cinco anos, o "milagre" aconteceu e Santa ​Maria "apareceu ao aio dizendo-lhe que buscasse um lugar onde existia ​uma igreja inacabada que lhe era dedicada e aí fizesse vigília e no altar ​colocasse a criança que seria curada”.


Egas Moniz assim procedeu e a criança foi curada. Diz-se então que, por ​força deste milagre, foi construído nesta igreja o mosteiro por D. Henrique:

"E por este milagre que asi acontece o foi depois feito em esta igreja o ​mosteiro de Cárcere”.

José Vélez García

Mesopotamia​

Dedicada à “Venerable Hermandad de Nuestro Señor Jesucristo Resucitado ​y María Santísima del Amparo”.


Em 1951, e por sugestão da Junta das Irmandades, iniciam-se os contactos ​para estabelecer uma Irmandade que desfilasse no Domingo de Páscoa e ​que fosse responsável por realizar uma imagem, uma ambição que foi ​concretizada em 1954, quando a Irmandade foi constituída por vários ​comerciantes da cidade, apesar de a Procissão já ter desfilado em 1952 por ​iniciativa da Junta das Irmandades. Em 1955, a Irmandade de São João ​Evangelista junta-se ao desfile com a imagem da Virgem do Amparo, até ​que, quatro anos depois, simbolicamente vende a imagem da Virgem do ​Amparo, as andorinhas e o restante equipamento à Irmandade do ​Ressuscitado. Durante a década de sessenta, a Irmandade enfrenta uma ​grave crise que leva a Junta das Irmandades a propor que não saísse às ​ruas para evitar a má imagem da falta de irmãos, o que faz com que, em ​1966, a imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo Ressuscitado seja carregada ​por membros de outras irmandades. Após alguns anos sem sair às ruas, em ​1973, um grupo de jovens faz ressurgir a Irmandade.

Imagens e andores


Nosso Senhor Jesus Cristo Ressuscitado, Leonardo Martínez Bueno, 1952.

Representação do Ressuscitado que aparece de pé, em passo, levantando a ​sua mão direita enquanto a esquerda cai segurando o cajado característico ​da Ressurreição. O pano de pureza, mais do que cobrir a figura, adorna-a, ​envolvendo a escultura e conferindo-lhe um movimento espiral que é muito ​eficaz. Andores: Jesus Ressuscitado (1955), desenhados por Leonardo ​Martínez Bueno, executados pelos Irmãos Pérez del Moral e transportados ​por 32 irmãos.

Nossa Senhora do Amparo, Anónima, mas esculpida nos ateliês Royo-​Barrasa, em 1952.

Trata-se de uma escultura com várias vestes. A sua atitude e gestos são ​tradicionais, embora condicionados, tal como a sua indumentária, pela ​especificidade do desfile, pois inicialmente aparece como mãe aflita e ​mergulhada na dor de perder o Filho, para posteriormente surgir feliz e ​venturosa após o encontro com o seu filho Ressuscitado. Os andores foram ​projetados e realizados em 1988 pelos Irmãos Nemesio e Modesto Pérez del ​Moral, transportados por 32 irmãos.

Pa​ulo Teixeira

Santa Maria de Barrô

Edificada a meia encosta, na margem esquerda do Douro, a Igreja de ​Barrô, dedicada a Santa Maria, é um edifício românico tardio, fundado ​talvez no século XII.


Deveu-se à família de Egas Moniz, o aio de D. Afonso Henriques, a sua ​dotação e hipotética construção ou reconstrução, pois pode ter existido ​neste local um templo anterior.


Sem podermos apontar uma cronologia, a edificação da Igreja prolongou-se ​no tempo pois, embora de matriz românica, mostra já elementos ​protogóticos: o janelão, a rosácea e o tratamento dos capitéis, de temática ​vegetalista e floral.


A fachada simétrica é marcada já pela simplicidade do gótico, sendo ​apenas desequilibrada pela torre sineira, construída no século XIX.


Este prenúncio é também percetível no interior através da verticalidade do ​espaço. Destaca-se ainda no interior os capitéis do arco triunfal ​representando cenas de caça, talvez numa alegoria às lutas entre o bem e ​o mal.


Do período barroco, quando Barrô era já uma importante comenda da ​ordem de Malta, salienta-se o retábulo-mor [altar principal] joanino.


A Virgem da Assunção, que substituiu a medieval invocação a Santa Maria, ​é igualmente um excelente exemplo de escultura barroca.

José Vélez García

Jerusalén

Marcha dedicada à procissão da Entrada de Jesus em Jerusalém, que se ​realiza todos os Domingos de Ramos de manhã em Calasparra. É importante ​salientar que nesta procissão não desfilam imagens, pelo que a marcha não ​está dedicada a nenhuma imagem em particular.


As procissões têm lugar em Calasparra em celebração da Semana Santa ​desde o século XV, estimando-se que cerca de 25% da população da cidade ​esteja envolvida nos eventos de uma forma ou de outra durante as ​importantes celebrações.


A Semana Santa em Calasparra segue o padrão comum de procissões na ​maioria das cidades espanholas, contando a história da última semana na ​vida de Cristo, e inclui uma interessante representação da captura de ​Jesus nos Jardins de Getsêmani, conhecida aqui como "El prendimiento de ​Jesús en el Huerto de los Olivos".


Uma representação teatral tem lugar na rua, no Parque del Prendimiento, ​com a participação dos "Las Picas": um esquadrão de soldados romanos ​encarregados de prender Jesus.


O mesmo grupo é também estrela em um evento único na manhã do dia da ​Ressurreição: tendo sido responsabilizados por guardar o túmulo de Jesus, ​eles fogem ao ver a imagem de Jesus Ressuscitado, tentando se esconder ​enquanto são perseguidos e encurralados pela Virgem da Dolorosa.

Ro​gério Barros

Nirodha

Obra encomendada por Avelino Ramos para homenagear o seu amigo ​Hélder Fernandes.


Nirodha significa cessação do sofrimento, termo proveniente das quatro ​nobres verdades, um dos pilares fundamentais do pensamento Budista.

Natural de Braga, iniciou os seus estudos ​musicais na Banda Musical de Cabreiros, com 9 ​anos de idade. No ano de 1996 ingressa na classe ​de trompete do Conservatório de Música Calouste ​Gulbenkian, estudando com os professores ​Alexandre Fonseca e Fernando Ribeiro.

Em 2003 ingressou na Escola Superior de Música ​e Artes do Espectáculo do Instituto Politécnico do ​Porto na classe do Professor Kevin G. Wauldron, ​concluindo a licenciatura em 2007.

No seu currículo conta com inúmeras ​participações em orquestras, master-class e ​seminários de trompete com a orientação dos ​professores Paulo Silva, Fernando Ribeiro, ​Thomas Stevens, Allen Vizutti, Stefen Mason, ​John Aigi Hurn, Guy Trouvan, Pierre Dotout e ​Kevin G. Wauldron.

Ao longo da sua carreira participou em vários ​concursos de Trompete, arrecadando prémios.

Em 2010 foi membro do fundador do decateto de ​metais “Portuguese Brass”.

Os​car Navarro

Os​ana in Excelsis

"Osanna in Excelsis" foi criado em 2009 para o II Concurso Nacional de ​Composição de Marchas de Procissão "Memorial Manuel Font de Anta" de ​Sevilha. Esta obra foi composta durante a estadia do compositor em Los ​Angeles (Califórnia, EUA), onde ele estava a estudar Composição para ​Cinema e TV.

"Osanna in Excelsis" foi a primeira Marcha de Procissão composta por ​Óscar Navarro, na época sem imaginar o impacto que teria nos anos ​seguintes.


Hoje, é uma parte quase indispensável da Semana Santa em todos os cantos ​de Espanha.


Em 2014, foi tocada no Auditório Nacional de Espanha (Madrid) na sua ​versão para Orquestra Sinfónica.


Tecnicamente, é uma marcha em que o uso de harmonias (modais) cria uma ​brecha entre as marchas mais tradicionais e as modernas. O uso da ​harmonia modal menos comum e do ritmo despertou o interesse dos membros ​das irmandades religiosas e do público em geral.


É construída em torno de três temas principais contrastantes:

  • O primeiro, de caráter calmo e melancólico, nos imerge numa atmosfera ​de calma, solenidade e respeito.
  • Após ouvir o primeiro tema, um segundo rompe completamente com a ​sensação da primeira seção da obra. Este segundo tema tem um caráter ​mais marcial, carregado de emoção e força. O uso dos trinados nas ​madeiras, criando certa dissonância, torna este momento muito mais ​doloroso e penetrante, injetando uma dose extra de força e energia.
  • Depois desta seção, vem a calma. O terceiro tema nos leva a um lugar ​íntimo, com apenas um acompanhamento rítmico nas madeiras sem o ​suporte dos contrabaixos, ambos nos conduzem à parte final da obra, na ​qual este tema retorna com um caráter muito mais triunfante e marcial.

Ro​gério Barros

Pr​ophetia

O compositor deixa apenas esta frase na partitura:


“Deus está no universo e o universo está em Deus”



Ro​gério Barros

Virgem Mãe Soberana ​de Loulé

A festa da Nossa Senhora da Piedade, a Padroeira da cidade conhecida ​como Mãe Soberana, é celebrada em Loulé há quase cinco séculos nos ​domingos de Páscoa durante 15 dias. A festa da padroeira da terra é ​considerada a maior manifestação religiosa do culto mariano a Sul de ​Fátima.


A Festa da Mãe Soberana decorre em dois momentos distintos, no Domingo ​de Páscoa (Festa Pequena) e passados quinze dias (Festa Grande).


A Festa Pequena (Páscoa) começa pelas 16:30, com a recitação do terço no ​Santuário de Nossa Senhora da Piedade, seguindo-se, a partir das 17:00, a ​descida da imagem da Mãe Soberana em procissão para a igreja de S. ​Francisco, acompanhada pela Banda Filarmónica. A descida da Padroeira é ​feita em marcha acelerada, uma tradição profana aqui mesclada com a ​tradição religiosa, uma marcha que não será fácil para quem carrega o ​pesado andor numa encosta assaz inclinada e aqui fica durante quinze dias ​para vigília e veneração dos fiéis, que diariamente lhe prestam homenagem.


Durante este período, realizam-se nesta igreja uma serie de missas ​temáticas que dinamizam e incluem parte da comunidade, mas também ​outras atividades como concertos em honra de Nossa senhora da Piedade. É ​uma altura de grande alegria e participação religiosa, aproximando os ​devotos do transcendente e fazendo-os sentir agraciados pela presença da ​imagem de Nossa Senhora da Piedade.


A Festa Grande, no terceiro domingo da Pascoa, estendem-se as ​comemorações ao longo do dia com diferentes momentos de celebração ​religiosa, terminando com o emotivo regresso da Imagem à ermida do cimo ​do Cerro da Piedade, em marcha rápida ao som de música criada ​especificamente para o evento. É o adeus da Padroeira à sua terra e o ​regresso à sua pequena ermida que, a poente, se ergue sobranceira a toda ​a cidade.


O fascínio dos louletanos com os homens do andor, oito homens que levam a ​Mãe em ombros pode ser comprovado em várias homenagens que lhes são ​prestadas: são patronos de ruas, contam com medalhas de mérito ​atribuídas pela autarquia e ainda têm uma escultura férrea que lhes é ​dedicada.


Nem sempre foi assim. No início o andor era bem menos pesado, sendo a ​nobreza de Loulé destacada para o levar, bastando para isso a força de ​quatro homens. Com o terramoto de 1755, penoso para todo o Algarve, além ​da reconstrução da ermida, foi necessária a encomenda de um novo andor. ​Este pretendia-se com outra robustez, o que, consequentemente, o tornou ​mais pesado: 360 quilos, mais especificamente, mantendo-se assim até hoje.

Ora, para aguentar a Virgem e o andor, quatro homens já não bastavam. ​Duplicou-se assim esse número, passariam então a oito. E assim se ​popularizou este grupo de homens, que sentem um inigualável orgulho ​quando, no Tempo Pascal, levantam a sua Mãe Soberana para gáudio dos ​seus conterrâneos.


Ou como nos resumiu, lapidarmente, António Aleixo (1899-1949): «Porque a ​alma desse povo/Vai dentro daquele andor» ou ainda a citação de Lidia ​Jorge «Se Deus não existe a Mãe Soberana existe».


Víctor Manuel Ferrer

co​ncha

Dedicada à Casa da Irmandade da Concha, Irmandade de Penitência de ​Nosso Senhor Jesus do Amor e da Entrega e Nossa Senhora da Conceição, ​em Granada.


A irmandade foi fundada em 3 de abril de 1977, com os seus estatutos ​aprovados em 31 de março de 1978. Tornou-se o ponto de partida para a ​regeneração definitiva da Semana Santa, que estava a passar por um ​período letárgico perigoso nos anos setenta.


Estreitamente relacionada, nos seus primórdios, com o então pároco da ​Igreja de São Ildefonso, o Reverendo Padre José Antonio Moreno, propôs, ​juntamente com os fundadores da irmandade, a possibilidade de que a ​imagem do crucificado que se encontrava naquela época na referida ​paróquia (atribuída a Pablo de Rojas e muito estimada pelos paroquianos) ​fosse o titular daquela irmandade em formação.


A sua devoção seria ao "Santíssimo Cristo do Sangue" e a devoção Mariana ​escolhida seria a de Nossa Senhora da Estrela. Desacordos posteriores ​impediram que isso se concretizasse, levando os fundadores da irmandade ​a procurar outra igreja e outras imagens.


Após uma tentativa no Mosteiro de São Bernardo, as religiosas do Mosteiro ​da Conceição acolheram finalmente a ideia da Confraria que nascia para a ​nossa Semana Santa. Após considerar que o escultor sevilhano Antonio ​Joaquín Dubé de Luque seria o autor da imagem Mariana da Irmandade, ​decidiu-se que a encomenda seria executada pelo professor López ​Azaustre. A imagem da Virgem da Conceição foi abençoada no dia da sua ​festa litúrgica (8 de dezembro) de 1978.


Em 17 de outubro de 1977, a Irmandade decidiu modificar o título da ​irmandade, passando a chamar-se Virgem da Conceição (por estar situada ​no Mosteiro de mesmo nome) e que o Cristo titular recebesse culto com a ​devoção a Jesus do Amor e da Entrega.


Após a alteração de denominação, a Irmandade processou como figura ​titular principal, até 1983, a representação de Jesus Preso, uma imagem do ​século XVIII, conhecida como Cristo das Eras, uma escultura vestida que é ​venerada na Ermida de São Isidro Labrador, sendo substituída no ano ​referido por uma nova imagem, da autoria do granadino Miguel Zúñiga ​Navarro.


A imagem de Jesus do Amor e da Entrega foi abençoada em 2 de outubro ​de 1983, processando-se pela primeira vez com a irmandade na Semana ​Santa seguinte (1984).

Vi​tor Resende

AEternu​m

Obra encomendada pelos amigos de ​João Nascimento, que assim o ​decidiram homenagear.


A obra recebeu destaque e aclamação ​internacional e foi tocada um pouco ​por todo o mundo.